por Carolina Marques (carolina.marques@extra.inf.br)
O único contato que Paola Oliveira teve com a dança foi durante a infância, quando alternou aulas de balé e jazz, que mais tiveram longos intervalos que propriamente constância. Muitos podem dizer, então, que a parca experiência fez da atriz uma das estrelas — e por que não a favorita? — da "Dança dos famosos" e a ajudou a chegar hoje à final da competição, com grandes chances de levar para casa o troféu de primeiro lugar. O que poucos sabem, porém, é que a moça pensou em desistir do programa logo na primeira semana de ensaios para o ritmo disco, que abriu o concurso.
— No começo, pensei em desistir. Fiquei angustiada, achava que não ia dar. Aqui é superação para todo mundo, ninguém sabe do que realmente é capaz até
estar ali, ao vivo, na frente de milhões de pessoas, tendo que fazer o melhor que pode — explica: — Meu maior desafio é me superar a cada domingo.
E a superação de Paola terá que ser comprovada hoje, quando irá bailar ao som do tango e gafieira. Quase uma pegadinha da produção do quadro:
— Tem passos muito parecidos nos dois ritmos. Fico tensa pensando que posso confundi-los. Já pensou eu, no meio do palco, fazendo um passo originalmente argentino com a ginga do samba?
Se depender da torcida, a atriz não terá problemas para evoluir na pista. Assim como também não teve ao aterissar na Sapucaí pela primeira vez, mostrando
no pé por que merecia o título de rainha de bateria da Grande Rio. Mas aí, mais uma vez, muitos vão dizer: "Tá vendo, ela já fazia isso antes!". Quem sai em sua defesa é o professor e coreógrafo linha dura, Átila Amaral.
— Quem acha que saber dançar já é meio caminho andado para a vitória se engana. Paola já tinha noção de dança, trazia no DNA um pouco de balé clás-
sico, mas tivemos todo um trabalho de limpeza de movimentos — descreve.
Afago na concorrência
Para manter a boa atuação na final, Paola ensaiou todos os dias, mas acrescentou muitas horas às duas diárias que vinha utilizando para aprender os pas-
sos. Os pontos que conseguiu até agora — as maiores médias foram dela — são deletados e todo mundo começa do zero, literalmente.
— Tenho concorrentes bem fortes. A evolução do Jonatas (Faro) é incrível, ele está fazendo lindamente, tem porte de dançarino. O Lê (Leandro Hassum)
mostrou que determinação é com ele mesmo, ele tem raça. Se superou a cada apresentação, além de ser dono de um carisma invejável. Tudo isso junto, vai
me fazer suar muito — enumera.
Além da expectativa com o resultado da noite, Paola está sentindo o gostinho amargo da despedida. Foram dez domingos de adrenalina, apreensão e des-
contração:
— Nossa, os bastidores ficaram lotados, todo mundo conversando, não tinha sala para todo mundo ensaiar, uma bagunça boa. Agora estamos nós três só... Dá uma tristeza, sim. Sem dúvidas a candidata que tem os movimentos mais harmoniosos, como os de uma bailarina profissional, Paola rechaça o favoritismo e usa um discurso polido para falar das chances que tem de sair vitoriosa.
— Todos somos vitoriosos. Sobraram os que mandaram bem esse tempo todo, mas tudo depende do dia. A gente pode estar dançando maravilhosamente bem e tropeçar, Deus nos livre, e é aquilo que vai contar. O que foi feito por aqui ficou no passado — avalia.
Declarações politicamente corretas à parte, a união entre os concorrentes é grande. Tanto que, mesmo com a maior nota e um elogio público do polêmico
coreógrafo Ivaldo Bertazzo, que a julgou no ritmo indiano, Paola não foi para casa com a sensação de "já ganhou":
— Ah, a gente ficou triste pelos outros. É uma semana muito árdua, as pessoas se esforçam e aquilo é um show, antes de tudo é para entreter.
A moça se anima também ao dizer que muitas coisas na vida mudaram após o início do quadro. Engana-se, no entanto, quem acha que ela emagreceu
com os movimentos ou que precisou fazer uma dieta balanceada para a dança.
— Quem me conhece, sabe que eu adoro comer. Então, tenho que ir para a academia todo dia, porque vou passar do ponto. Além de uns roxos a mais, o que senti foi a mudança nos músculos e na força. Mas como chocolate, e agora dou para a concorrência também, porque melhora o humor e a energia e me faz não querer morder o Átila — diverte-se.
Mas a bela pôde descobrir também novas formas de transitar entre seu público.
— Tirando sonhar com tangos, valsas e giros e ficar meio atormentada com isso, muitas coisas mudaram. Eu sempre fiz novela, nunca tive a experiência
com o teatro. Estar todo domingo, ao vivo, fazendo algo novo, me dá outras oportunidades. Meus medos foram confrontados. E outra: sempre estive por
trás de uma personagem. Com a dança, as pessoas se aproximaram de mim, Paola. Nas ruas, do frentista ao atendente do supermercado, todos me chamam pelo nome e contam que estão torcendo por mim. Fora isso, pude ver a dança mudando a vida das pessoas também. Uma menina me disse que estava deprimida e que depois de ver o quadro ia procurar uma escola de dança. Isso é muito maior do que eu imaginava.
Princesinha das seis
Em breve, Paola vai dar corpo a mais uma personagem. A terceira no horário das seis. Em "Pelo avesso", ela será Verônica, a primeira vilã de uma curta e
bem-sucedida carreira que começou há quatro anos na TV:
— Eu adoro esse horário. Já conheço o público e sei que ele é muito fiel. É o tipo de gente que não sai muito de casa, de crianças que chegam do colégio nesse horário. Acho que minha trajetória artística é sensacional. Se fosse pedir isso, talvez não fosse tão bom como é.
Acostumada às mocinhas espevitadas e românticas, Paola ainda procura entender o perfil vilanesco de Verônica:
— Ela não é uma psicopata. É mais real, está no dia a dia das pessoas. Uma mulher que gosta de poder, que se casa por dinheiro, que pode matar por dinheiro. Espero que ninguém me jogue pedras.
Até hoje à noite, pelo menos, é muito provável que Paola só se esquive
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